História da ACR

Acção Católica

Desde o início do seu pontificado, em 1922, que o Papa Pio XI desejava que acontecesse, com o devido empenho, a restauração cristã da sociedade. Assim apoiou a ideia de «ação católica», como proposta para o apostolado laical. A ideia de «ação católica» já existia, numa versão embrionária antes do pontificado de Pio XI, embora não tivesse aprovação papal. Em Portugal, esta ideia de «ação católica» surge no contexto do «catolicismo integral», que é a afirmação renovada do cristianismo na sociedade.

A Acção Católica insere-se naquilo que é a reestruturação da Igreja em Portugal. O Concílio Plenário Português decorreu em 1926, momento em que o episcopado decide criar a Acção Católica Portuguesa, ao reconhecer a necessidade da colaboração dos leigos, bem como da sua formação.

A sociedade portuguesa encontrava-se na recente separação da Igreja do Estado, havendo assim alguns conflitos com o Estado republicano. Por outro lado, a Igreja portuguesa recebia a proposta externa de restaurar a cristandade na sociedade portuguesa.

Como já foi referido, o Episcopado Português tinha como objetivo revitalizar o cristianismo no país, e por isso, a 16 de novembro de 1933, são aprovadas as bases orgânicas da Acção Católica. A Acção Católica já tinha sido aprovada, na Itália, em 1922, pelo Papa Pio XI, com o fim de criar um apostolado organizado, para gerar uma nova cristandade. Atendendo ao objetivo de renovar a cristandade portuguesa, optou-se por criar uma Acção Católica constituída por diversos organismos, vinte no total, devido ao facto de homens e mulheres se apresentarem em organismos separados aquando da sua constituição. Assim, surgem quatro organismos agrários: JAC (Juventude Agrária Católica), JACF (Juventude Agrária Católica Feminina), LAC (Liga Agrária Católica), LACF (Liga Agrária Católica Feminina), com o objetivo de levar a Igreja e a sua mensagem mais próximo dos meios rurais. Para além de serem organismos especializados, apresentavam uma estrutura semelhante à estrutura da Igreja: local, diocesana e nacional.

A Acção Católica na sua origem marcava a sua presença num vasto campo do território português, de modo que, no final dos anos 30, era já a grande organização de apostolado laical, estando «sob a dependência direta da hierarquia eclesiástica».

Após a separação da Igreja do Estado, era necessário que fossem compreendidos os direitos da Igreja na sociedade.

Na encíclica Quadragesimo Anno (1931), por ocasião da comemoração do quadragésimo aniversário da Rerum Novarum, o Papa Pio XI aponta algumas linhas que conduzem à «nova ordem social». Havia necessidade de ser renovado o espírito cristão, bem como a inserção nas várias áreas laborais (política, economia, cultura, organização social), dando uso à doutrina e aos princípios católicos. A Acção Católica tinha como objetivo auxiliar na formação do laicado, para que aqueles que exerciam funções nas várias áreas laborais pudessem levar para este campo o magistério da Igreja. A Acção Católica tornou-se num dos «instrumentos privilegiados pela Igreja na sua estratégia de “reconquista cristã da sociedade”».

Segundo Paulo Fontes, a Acção Católica Portuguesa (ACP) é uma instituição cuja análise é importante para compreender o catolicismo contemporâneo e o papel da Igreja em Portugal nas décadas de 30 a 60 do século XX. Não realça só a sua importância na Igreja, mas também o seu papel na sociedade. A nível pastoral, havia uma ideia teológica que via a ação organizada dos leigos, a Acção Católica, como o «braço estendido» da hierarquia, pois chegava aonde o clero sozinho não conseguiria chegar. Foi exatamente esta definição que Pio XI deu à Acção Católica, em que os bispos enviam os leigos em missão, que é mandato do próprio Cristo para a evangelização.


Fonte:VEIGAS, Joana - A receção do Concílio Vaticano II em Portugal: no caso da Acção Católica Rural (ACR). Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Teologia, 2014, pp. 5-7.

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